Entenda o que é exaustão mineral e por que ela está fazendo cidades mineradoras investirem na diversificação da economia
Recursos minerais são esgotáveis, e muitas cidades ainda dependem deles para geração de emprego e renda.
Por Rafaela Mansur, g1 Minas — Belo Horizonte
![Mineração na Serra do Curral, em Belo Horizonte — Foto: Lucas Franco/TV Globo](https://s2-g1.glbimg.com/-xV644jd067t8oqY-NeZcNv0yuI=/0x0:1280x720/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2024/b/e/CB3NsRQnGeI0c8uIiTeg/serra-do-curral.jpg)
Mineração na Serra do Curral, em Belo Horizonte — Foto: Lucas Franco/TV Globo
Mineração na Serra do Curral, em Belo Horizonte — Foto: Lucas Franco/TV Globo
A previsão de exaustão mineral está fazendo municípios mineradores de Minas Gerais investirem na diversificação da economia para reduzir a dependência da atividade. Embora as estimativas de fim da vida útil dos recursos minerais em cada empreendimento sejam imprecisas, uma coisa é certa: esses bens, que são a principal fonte de emprego e renda de muitas cidades, um dia, vão acabar.
“Todo bem mineral é esgotável, tem princípio, meio e fim. […] Chega um determinado momento em que a condição de retirar o bem mineral passa a ser difícil ambientalmente ou tecnicamente impossível, pela profundidade, pelos riscos que isso pode gerar”, explicou o engenheiro de minas e geólogo Evandro Moraes da Gama, professor titular da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Após a exaustão dos recursos minerais, ocorre o fechamento da mina. A legislação federal obriga as mineradoras a executar a recuperação ambiental das áreas impactadas e o descomissionamento de todas as instalações, incluindo barragens.
“É feito um planejamento para que aquela área seja disponibilizada para outro uso que não seja aquele. Isso tem acontecido em países mineradores, como Austrália, Estados Unidos e África do Sul, e também no Brasil”, disse o professor.
Segundo ele, um exemplo é o Parque das Mangabeiras, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, que, na década de 1960, foi área de exploração de minério de ferro e, hoje, é um importante espaço verde da cidade.
“Praticamente todos os municípios de Minas Gerais nasceram por causa de mineração, porque existia um bem mineral. Ouro Preto é o maior exemplo disso, começou minerando diamante, passou para ouro. Hoje em dia é patrimônio histórico, mas o entorno é todo mineração. Essa passagem de uma economia para outra deve ser planejada”, afirmou Gama.
De acordo com o professor, a mineração gera uma “prosperidade local muito forte” nos territórios onde está presente e, por isso, os municípios devem aproveitar os recursos financeiros provenientes da atividade, enquanto eles existem, para investir em outros setores.
Na avaliação de Gama, o mais importante, para as prefeituras, é produzir, aprovar e executar um plano diretor — legislação que estabelece diretrizes e estratégias para o desenvolvimento econômico e social das cidades.
“O plano diretor vai dar continuidade ao município sem necessidade da mineração. […] Se a prefeitura não se preocupa com isso, quando chegar o momento da exaustão mineral, a cidade acaba”, falou.
Realidade nos municípios
![Mina de Brucutu, a maior da Vale em Minas Gerais, em São Gonçalo do Rio Abaixo — Foto: Júlia Pontés/Divulgação](https://s2-g1.glbimg.com/NT65Y2ht_wo73K2pcyJUJxgUxHc=/0x0:1197x806/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2019/z/k/kdievGTjKXzO37Gp90Zw/sao-goncalo-barao-de-cocais.jpg)
Mina de Brucutu, a maior da Vale em Minas Gerais, em São Gonçalo do Rio Abaixo — Foto: Júlia Pontés/Divulgação
Mina de Brucutu, a maior da Vale em Minas Gerais, em São Gonçalo do Rio Abaixo — Foto: Júlia Pontés/Divulgação
Em Itabira, na Região Central de Minas Gerais, a previsão é de que o complexo da Vale, principal mineradora da cidade, atinja a exaustão mineral em 2041.
Segundo a prefeitura, mais de 80% da receita do município está direta ou indiretamente ligada à mineração. Somente neste ano, Itabira arrecadou R$ 98,1 milhões com a Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem).
A principal iniciativa da prefeitura para a diversificação da economia é o programa Itabira Sustentável, que inclui mais de 60 projetos, como a transposição do Rio Tanque, que visa garantir água para o município para as próximas décadas; fábricas sociais para produção de uniformes, fraldas e absorventes; requalificação do Centro Histórico e construção do novo Distrito Industrial.
Outra cidade mineradora, São Gonçalo do Rio Abaixo, também na Região Central do estado, lançou um projeto com o objetivo de atrair empresas de outros segmentos — hoje, o município depende em torno de 90% da mineração, segundo a prefeitura.
VÍDEO: Reportagem mostra exploração ilegal de minério de ferro
![MG1 traz reportagem especial sobre exploração ilegal de minério de ferro MG1 traz reportagem especial sobre exploração ilegal de minério de ferro](https://s01.video.glbimg.com/x240/12068200.jpg)
MG1 traz reportagem especial sobre exploração ilegal de minério de ferro
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